Depois de Escovar Os Dentes

Depois de Escovar Os Dentes

Durou pouco mais de um ano o calvário da CCR, administradora de rodovias como a Anhanguera e a Bandeirantes, em São Paulo, do metrô de Salvador e do aeroporto de Quito, no Equador. As suspeitas, que fizeram a CCR perder no ano passado 20% do valor de mercado, ou cinco bilhões de reais, ameaçavam seriamente sua sobrevivência.

Ao fechar acordos de leniência com o Ministério Público Federal nos últimos meses, a CCR tenta assegurar a participação nas esperadas outras rodadas de leilões de concessões no nação. “Mais do que uma decisão jurídica, foi uma decisão estratégica. A companhia vê os acordos como condição pra se legitimar na pesquisa de algumas concessões”, diz Sebastião Tojal, advogado da CCR. A cada sinal de que a companhia havia mesmo se envolvido em esquemas ilícitos, suas ações pela bolsa B3 afundavam mais um tanto e teu futuro ficava mais nebuloso.

Logo surgiu uma nova denúncia, desta vez relacionada ao pagamento de propina a ex-integrantes da administração pública do Paraná — como o irmão do ex-governador Beto Richa, do PSDB — em troca de contratos para obras viárias. Em março, a concessionária acertou com a força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba o pagamento de uma multa de 750 milhões de reais, incluindo uma diminuição de 30% no pedágio das rodovias que administra no estado. A CCR diz que, ao tomar conhecimento de todas as denúncias, conduziu uma devassa interna e correu pra diferenciar os atos ilícitos e recomendar ao MPF o pagamento de compensações.

Caso fosse declarada inidônea por qualquer governo, a companhia não poderia participar de novos leilões. Com 2 grandes contratos derrotando até 2021, ela tem de recentes licenças para acrescentar as receitas e a lucratividade. Nos últimos três anos, distribuiu aos acionistas 3,7 bilhões de reais em dividendos, reforçando o caixa da endividada Andrade Gutierrez e da Mover, que batalha pra se reinventar.

Cada uma tem participação de 14,86% pela CCR (leia abaixo). Nas rodovias que neste instante administra em São Paulo, a CCR identificou algumas oportunidades de investimento de 3,6 bilhões de reais. Na capital, foi qualificada pra fazer uma proposta pra tomar conta das marginais e avalia os projetos de sete linhas de trens. Considera concessões no litoral, o projeto Piracicaba-Panorama, com 1 201 quilômetros de rodovias, e o de futuros trens entre São Paulo, Americana e Santos. Está de olho em projetos de licitação de 11 lotes de estradas em Goiás, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, totalizando 8.600 quilômetros. Deve preparar-se, ainda, a rodada de concessões de 22 aeroportos.

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“Além disso, a empresa está concentrada a outras oportunidades no exterior”, diz Leonardo Vianna, presidente da CCR. A esperada aceleração da economia brasileira, se concretizada, assim como terá que estimular os resultados da CCR. O banco de investimento Itaú BBA projeta um aumento de 20% nas receitas deste ano em comparação com 2018, para 9,7 bilhões de reais, e de 100% nos lucros, para 1,7 bilhão.

Por ora, o movimento nas estradas cresceu só 1,2% no primeiro trimestre, segundo detalhes da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias. Mas a lentidão da retomada não tem afetado as expectativas positivas para a concessionária. “Em termos de tráfego, o pior neste instante passou. Quando o objeto interno bruto estava se contraindo, a circulação chegou a cair”, diz Renata Faber, analista do banco Itaú BBA.

Do lado operacional, as experctativas parecem positivas, contudo, do lado administrativo, pode ser cedo para oferecer a crise por superada. A CCR se propôs a pagar 78.000 reais por mês durante 5 anos a quinze ex-executivos que estão negociando acordos de delação premiada com a Lava-Jato. A concessionária defende o arranjo compartilhando que deve mobilizar os ex-gestores a contar tudo o que sabem para poder virar essa página, diminuindo riscos futuros. Os nomes dos ex-funcionários não foram revelados.

Esse tipo de pagamento é comum entre as corporações apanhadas na Lava-Jato. O complicador, no caso da CCR, é que, por ter capital aberto, a corporação precisou submeter esse plano à apreciação dos minoritários. A Operação Lava-Jato completou cinco anos em março parecendo bem distante do final pras grandes empreiteiras, suas controladoras, subsidiárias ou coligadas, as maiores atingidas pelas investigações da potência-tarefa construída pelo Ministério Público Federal em Curitiba. A CCR é a segunda unidade da corporação de participações Mover a fechar um acordo de leniência com o MPF.

A primeira havia sido a construtora Camargo Corrêa, em 2015, com o trato de devolver 700 milhões de reais às organizações estatais prejudicadas pelo esquema de corrupção do qual participou, incluindo a petroleira Petrobras. A transformação de nome da holding, no ano passado, foi o ápice de uma reestruturação que incluiu a venda de ativos pra arrecadar em torno de 15  bilhões de reais. A construtora Andrade Gutierrez, quota da holding que também integra o bloco de controle da CCR, assinou em 2016 o acordo de leniência com a Lava-Jato, reconhecido em 2018 na Controladoria-Geral da União e pela Advocacia-Geral da União. A multa foi de 1,cinco bilhão de reais.